Domingo não vou ao Maracanã
A sensação de fazer o ritual dominical, de acordar cedo, prosear sobre a rodada do campeonato no boteco já com a camisa da sorte, abrir uma cerveja, ou refrigerante, brincar com o amigo sobre o jogo passado, comer um frango assado, pegar um trem lotado rumo ao estádio, encontrar o amigo da arquibancada duas estações depois, chegar e comprar uma bandeira do ambulante, e entrar para empurrar e jogar junto com os 11 jogadores do clube de coração, é a felicidade do torcedor.
Durante muito tempo, essa era uma rotina de muitos trabalhadores e operários das comunidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e de outros estados do Brasil. Porém nos últimos anos, o fantasma da Elitização dos Estádios, vem acabando com essa cultura, grandes investidores. Vem sendo construído nos estádios brasileiros uma verdadeira política de embranquecimento e higienização, centralizado na cultura europeia como padrão de espetáculo. As inúmeras proibições como à venda de bebidas, o uso de instrumentos musicais, fim das gerais e a implantação do mito das cadeiras numeradas, são alguns dos exemplos daquilo que vem sendo chamado de “novas arenas”.
Para o jovem estudante ficou a seguinte indagação: “O que será dos estádios de futebol sem a irreverência do povo? O que será do povo sem o futebol no domingo? Estão tirando das mãos da população seu patrimônio histórico”.
Hoje o futebol do povo está agonizando, é preciso repensar o que nós brasileiro somos e a importância do futebol assistido de pé sem a cadeira numerada. Pelo caminho que se tem traçado, precisaremos fazer um releitura do samba do Neguinho da Beija-Flor e cantar “Domingo, NÃO vou ao Maracanã.”
* Walmyr Júnior é graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.
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