Impasse na Gama Filho vira caso de polícia
Ministério Público Federal pede que a PF instaure inquérito contra grupo que controla a universidade
O grupo Galileo Educacional — que administra a Universidade Gama Filho e a UniverCidade — pode ser investigado pela Polícia Federal. O Ministério Público Federal solicitou ontem à instituição a abertura de dois inquéritos criminais: há denúncias de gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro e de não cumprimento das obrigações trabalhistas dos funcionários das universidades.
Além disso, o descredenciamento das duas universidades está mobilizando outros órgãos, como o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) e o Procon. No dia 22, a entidade que representa os médicos se reunirá com a Procuradoria Geral da República, em Brasília, para que obrigue a União a garantir a formação de todos os jovens, no período previsto.
A alegação é de que a Gama Filho é a maior faculdade privada de Medicina do país, com cerca de 2.200 alunos, formando 400 por ano. Já o Procon autuou nesta quarta o grupo Galileo por dificultar a transferência de alunos, em decorrência da falta de atendimento para emissão de documentos. O Galileo tem o prazo de dez dias para entrega da documentação nas duas instituições, sob pena de multa.
Apesar do apoio, os alunos estão descrentes. Para eles, conseguir atendimento e documentação é uma tarefa praticamente impossível. Ontem, a fila de estudantes de Medicina que se revezavam em frente à Gama Filho, na Piedade, revelava uma espera interminável.
“Eu me formei no fim do ano passado e estou fazendo provas para residência. Preciso com urgência do meu diploma, sem ele não poderei tomar posse”, disse Rômulo Pilonni, 28 anos, que saiu de Goiás para estudar no Rio.
O drama dos que pretendem se tornar médicos se multiplica: “Nossa colação era prevista para junho. Pagamos a formatura e a foto da turma está marcada para semana que vem. Com que sorriso vamos sair?”, lamenta Ludmila Alves, 24, que se especializará em pediatria.
O drama dos que pretendem se tornar médicos se multiplica: “Nossa colação era prevista para junho. Pagamos a formatura e a foto da turma está marcada para semana que vem. Com que sorriso vamos sair?”, lamenta Ludmila Alves, 24, que se especializará em pediatria.
“É contraditória a postura do governo de importar médicos e fechar uma faculdade de Medicina. O MEC credenciou o curso e muitos o escolheram pela tradição. É a maior faculdade privada de Medicina do país”, protesta Isabela Nogueira, 30.
Presidente do Cremerj e professor de pediatria da UFRJ, Sidnei Ferreira critica a atuação do MEC. “São 2.200 alunos que não podem ser prejudicados pela incompetência do MEC. A situação tem que ser resolvida de imediato, sem que eles percam o período. Como o governo quer abrir 49 novas faculdades pelo país, se não fiscaliza uma na capital do Rio?”, indagou Ferreira
Depois de viajarem de ônibus até Brasília, na terça-feira, cerca de 30 alunos das duas instituições acamparam em um albergue no local. O objetivo é pressionar o governo federal e conseguir uma reunião com a presidenta Dilma Rousseff, para buscar solução do caso.
Eles são contra a alternativa apresentada pelo MEC de transferência assistida para outras instituições privadas, alegando que não haverá capacidade de atender a demanda e falta de garantia da mesma qualidade de ensino.
Já outra comissão, também formada por estudantes das duas faculdades, se reunirá novamente esta semana com o ministro Aluizio Mercadante, para pedir uma solução imediata. O grupo tem cinco representantes do MEC, sete alunos e um membro da UNE.
Em Ipanema, os prédios da UniverCidade, também controlada pelo Grupo Galileo, estão fechados, com cadeados nas portas. Há pouco tempo, 2 mil estudantes circulavam por ali. Os poucos alunos que procuram o local, interessados em transferências, esbarram na falta de quem os atenda.
Os profissionais que vão lá se dizem desolados. “Não sei se tenho emprego. Não recebemos carta quanto à nossa situação”, disse um funcionário, há 14 anos na instituição. A UniverCidade não teria pago os salários dos últimos quatro meses, o décimo-terceiro dos anos de 2007 e 2013 e nem as férias dos dois anos, segundo o funcionário.
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