Como se tornar à prova de ladrões
Depois de alguns anos em que as estatísticas mostraram avanços na luta contra a criminalidade, os dados de 2013 deixaram patente uma reação dos bandidos, que se voltam cada vez mais para os roubos e furtos. Em São Paulo, os registros desses delitos vêm crescendo sem pausa: em 2013, foram 90 mil casos a mais do que cinco anos atrás. No Rio de Janeiro, na comparação entre outubro de 2012 e esse mesmo mês de 2013, o número de crimes contra o patrimônio subiu 26%. É hora de rever suas posturas para evitar fazer parte dessas estatísticas.
Seja mais esperto que os bandidos
Em outubro de 2012 foram registrados 208 roubos de telefones celulares no Rio de Janeiro. Um ano depois, o número aumentou para 344. Já São Paulo viu episódios como o dos 200 celulares surrupiados por um bando durante um festival de rock. Os crimes são praticados tanto por quadrilhas especializadas quanto por oportunistas que se aproveitam da desatenção de quem anda pela rua ou atende uma ligação no ônibus. Vinícius Cavalcante, diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança, frisa que o ideal é não atender o telefone na rua e retornar a ligação quando possível. Mas, caso o telefonema seja realmente urgente, o mais importante é guarnecer a retaguarda, ficando de costas para uma parede ou uma vitrine, por exemplo. “Os ladrões costumam atacar pelas costas, para evitar qualquer reação que torne mais difícil puxar os aparelhos. Então, manter as costas protegidas já impede essa ação.”
Se é impossível evitar totalmente a ação dos ladrões, há várias formas de dificultar a vida deles. Espalhar os pertences é a principal. “No assalto, a abordagem precisa ser rápida. O ladrão não vai ter tempo de vasculhar todos os seus bolsos”, diz Cavalcante.
Seja criativo. Nenhum lugar é ruim para guardar o dinheiro quando você sai na rua. Uma empresa de segurança, por exemplo, ofereceu a seus clientes, como brinde de Natal, uma “carteira de tornozelo”. Bolsos internos costurados nas roupas também podem evitar prejuízos.
Não chamar a atenção para si pode não ser o objetivo mais desejado de muita gente, mas, sem dúvida, é a atitude mais segura. Se você vai, por exemplo, a uma região carente da periferia, procure, dentro do bom senso, não se destacar tanto do conjunto. “A lógica é a mesma da pessoa de terno em um domingo de sol no Parque do Ibirapuera. De imediato, irá receber os olhares. A roupa adequada ao local ajuda a ser mais discreto e passar despercebido para os possíveis ‘observadores’, que podem estar em todos os lugares”, diz Jair Barbosa, consultor e professor de cursos universitários de Gestão de Segurança Privada.
A dica mais importante: esteja alerta todo o tempo. “Não é preciso viver em estado de neurose, apenas se conscientizar de que, ao sair à rua, é necessário não se abstrair do que acontece à sua volta”, diz Cavalcante. O especialista diz que não existe uma “cara de ladrão”. “Se alguém olhar para você com uma expressão suspeita, revelando tensão, pode estar mal-intencionado, independentemente da aparência.”
Por outro lado, a epidemia de crack tem levado ao aumento das abordagens por parte de adolescentes dependentes. Essas ações têm a marca do improviso, com armas como pedras ou cacos de vidro. “Se você perceber a aproximação a tempo, uma mudança de atitude, de direção, de velocidade, pode levar o sujeito a relutar e se virar para outro alvo. O importante é não se deixar surpreender”, diz Cavalcante.
Se você precisar de caixas eletrônicos, evite os dos shopping centers na tarde de sábado, ou outro local que favoreça a aglomeração de muita gente, que facilita a ação dos ladrões de senhas. Antes de começar a digitar seus dados, observe em volta. Geralmente, esses criminosos agem em dupla. O que importa não é a aparência, mas a postura das pessoas que estão na fila. Olhares nervosos, posicionamentos ligeiramente fora da linha... E não oculte apenas o teclado; preocupe-se também com a tela, que exibe dados interessantes para os bandidos, como o seu saldo.
“Na esteira do combate mais efetivo ao tráfico de drogas em várias capitais, os criminosos estão procurando novas modalidades de crime”, adverte João Palhuca, vice-presidente executivo do Sesvesp (Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo). Os bares e restaurantes, por exemplo, têm sido um campo fértil para esses delinquentes, que praticam tanto arrastões quanto furtos oportunistas de bolsas. “Procure as casas que tenham boa iluminação e câmeras espalhadas. São fatores que desestimulam o ladrão”, diz o especialista, para quem é ultrapassado o conceito de que uma segurança mais ostensiva dos estabelecimentos espanta clientes.
Faça da sua casa uma fortaleza
O crime no Brasil hoje não é um problema apenas das grandes regiões metropolitanas. O roubo de residências, por exemplo, cresce em quase todo o país. O aumento da incidência desses crimes foi um dos impulsos para que o índice de crimes violentos contra o patrimônio em Uberaba (MG), cidade de 300 mil habitantes, saltasse 166% entre dezembro de 2012 e dezembro de 2013. Aprenda a se proteger:
O primeiro passo para tornar sua casa mais segura é avaliar os seus próprios hábitos e se sua casa tem um nível aceitável de proteção. Numa pesquisa feita pela Polícia Militar do Paraná com vítimas de delitos contra o patrimônio, 48% dos entrevistados admitiram que a estrutura da sua residência permitiu a ação de criminosos e 36% afirmaram que suas próprias atitudes facilitaram a ação do criminoso. Hábitos simples como trancar todas as portas ao sair ou à noite já inibem a ação dos ladrões, que são movidos pela “lei do menor esforço”. Doze por cento das vítimas ouvidas na pesquisa haviam deixado o portão da casa aberto. O ladrão apenas aproveitou a oportunidade que lhe deram.
O ladrão de residências é rápido. Marleide Portela, dona de casa de Cuiabá (MT), descobriu isso na prática. O ladrão aproveitou os poucos segundos em que a empregada da casa deixou a porta da rua aberta enquanto colocava o lixo do lado de fora, entrou, roubou o celular e algumas joias e fugiu... a pé. “A casa era nova. Estávamos sem alarme e sem cachorro. E houve esse descuido. Todo cuidado é pouco”, diz a cuiabana Marleide.
Seu prédio tem porteiro 24 horas por dia e circuito interno de TV. Isso é suficiente? Nem sempre. A começar pelo profissional contratado para a portaria, no qual normalmente se deposita confiança quase irrestrita. Especialistas indicam uma investigação rigorosa das referências dele, já que não é raro funcionários dos prédios facilitarem a entrada de assaltantes. Existem ainda cursos específicos para esses profissionais.
Na organização da portaria, também é necessário um planejamento. “É fundamental que o porteiro fique em local isolado, em condições de tomar uma providência, no caso de alguma presença suspeita”, diz Cavalcante. Ele acredita que medidas simples e baratas podem ser eficientes, de acordo com o problema. “Um prédio instalou um mecanismo que permitia que, com um toque, o porteiro fizesse disparar os interfones de todos os apartamentos. Isso evita a ação do criminoso.”
Há também os condomínios fechados, que contratam empresas de segurança que controlam o acesso aos prédios e lançam mão de produtos altamente tecnológicos, e ainda assim não conseguem evitar os assaltos. “Muitos moradores não querem se submeter às normas de segurança. Não permitem, por exemplo, que o profissional cheque quem está no carro que está entrando na garagem, o que poderia evitar vários crimes”, diz Cavalcante. “É preciso entender que, em última instância, cada pessoa gerencia a sua segurança. Isso não pode ser terceirizado para uma pessoa ou empresa.”
Em casas e prédios mais antigos, o chamado “pega-ladrão” (uma corrente com engate que permite uma pequena abertura da porta) ainda é utilizado. Para a PM do Paraná, ele não é digno de confiança, já que sua resistência é limitada. Já as fechaduras com aquela chave antiga e as de cilindro são consideradas pela instituição “obsoletas” por permitirem que um ladrão experiente as vença em poucos segundos. Outro conselho da instituição: “Nunca pense que uma tranca ou cadeado a mais poderia ser exagero em sua porta. Todo o sistema de trancamento conta tempo a seu favor e o tempo trabalha contra os interesses do criminoso.”
Janelas com divisões no vidro próximas à fechadura são menos seguras, já que o vidro fará menos barulho ao se quebrar pela ação de um ladrão. Usar algum tipo de tranca opcional também é uma boa medida para atrasar o criminoso. Um exemplo é a colocação de um pedaço de madeira no trilho das janelas e portas de correr. Até telas mosquiteiras podem dificultar a vida do ladrão e levá-lo a optar por tentar a sorte em outra casa.
Quando os ladrões percebem alguma fragilidade, não hesitam em atacar duas vezes. O advogado Valdemir Borges, de Vitória (ES), perdeu um computador, uma televisão e o pavão de estimação quando os ladrões quebraram o trinco da janela e entraram em sua casa pelo escritório. Vinte dias depois, usando a mesma tática, eles invadiram novamente a residência e furtaram uma bicicleta.
Numa casa com jardim, as plantas podem ajudar você – ou o ladrão. Opte por arbustos baixos, que não fazem sombra e que não limitem a visão de quem está na rua ou dentro de casa, o que eventuais assaltantes adorariam. Do lado de dentro dos muros e nas cercas mais altas, plantas com espinhos podem criar uma barreira bem incômoda.
Laptops, smartphones e tablets são alguns dos objetos mais valorizados pelos ladrões. Mas tanto aparelhos da Apple como os equipados com o sistema Android são passíveis de rastreamento. Pelo Android Device Manager, acessível por computador, você pode rastrear, fazer o telefone tocar ou até apagar seus dados.
As redes sociais têm se revelado uma nova fonte de informações para quadrilhas especializadas em golpes por telefone. “Esses estelionatários ligam para números aleatórios e, com pouco tempo de conversa, conseguem decifrar pontos importantes
do dia a dia e particularidades das pessoas, como se elas têm filhos e as idades. Com as redes sociais e com a divulgação pessoal, os golpistas estão cortando caminho na busca de particularidades para poder agir”, diz Jair Barbosa. Portanto, seja discreto na escolha dos amigos e parcimonioso na divulgação das postagens.
do dia a dia e particularidades das pessoas, como se elas têm filhos e as idades. Com as redes sociais e com a divulgação pessoal, os golpistas estão cortando caminho na busca de particularidades para poder agir”, diz Jair Barbosa. Portanto, seja discreto na escolha dos amigos e parcimonioso na divulgação das postagens.
Deixe o ladrão a pé
Uma trava é pouco para deixar a sua bicicleta segura, garante Willian Cruz, do site Vá de bike. O ideal é usar uma tranca do tipo u-lock (cujos preços vão de R$ 30 a R$ 190) conjugada com um cabo de aço. A ideia é que o ladrão necessite de mais de uma ferramenta para conseguir levar a bicicleta. Normalmente, ele vai desistir e dar preferência para a pessoa que estacionou à sua frente e achou o seu cuidado “exagerado”.
Com a u-lock, você deve prender o quadro e a roda traseira a um objeto imóvel. O cabo protege a roda dianteira e o selim, cruzando a corrente por dentro do quadro. Nunca prenda a bicicleta pelos raios da roda, que podem ser cortados pelos mais simples alicates.
Não estacione no mesmo local todo dia e, principalmente, sempre que possível, não deixe a sua bicicleta muitas horas num mesmo local que não seja vigiado. O ladrão só precisa de tempo para conseguir vencer todas as barreiras.
O sujeito pode não levar a sua bicicleta inteira, mas o acessório que você escolheu com todo o carinho. O selim – alguns podem custar mais de R$ 300 – é retirado com muita facilidade por um ladrão de ocasião. Se o cabo que você tem à disposição não é suficientemente longo para passar pela roda e alcançá-lo, retire o selim do quadro e posicione-o de forma a que o cabo passe pelos trilhos dele.
Arturo Alcorta, do site Escola de Bicicleta, sugere uma espécie de camuflagem para não chamar a atenção sobre aquela bicicleta dos sonhos que você acabou de adquirir. “Se ela for disfarçada, tem uma boa chance de não ser percebida”, ensina ele. A dica mais simples é deixar a “magrela” um pouco suja, com cuidado para não prejudicar o funcionamento. Esconder a marca famosa ou a pintura “estilosa” de fábrica com uma mão de tinta ou adesivos pode ser mais seguro.
Caso, mesmo com todos os cuidados, sua bicicleta acabe sendo roubada, cadastre-a emwww.bicicletasroubadas.com.br. Além de ajudar na possível recuperação de sua bicicleta, as informações cadastradas sinalizam as áreas mais sujeitas aos furtos e roubos. Consulte o site também para evitar esses locais – túneis, por exemplo, são uma preferência para os ataques a ciclistas. Estas dicas práticas de especialistas podem mantê-lo a salvo de assaltantes, batedores de carteiras e ladrões de bicicleta
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