Forças Armadas terão até 4 mil soldados na Maré
Na primeira fase, Operação São Francisco, com 1, 5 mil militares, vai patrulhar complexo de favelas no Rio; três batalhões de paraquedistas apoiarão a ação
RIO - As Forças Armadas ocuparão o Complexo da Maré, na zona norte do Rio, a partir do dia 7 de abril. A ação foi batizada de Operação São Francisco e terá 1.500 militares, na primeira etapa, que patrulharão as ruas do entorno, enquanto policiais militares e civis entrarão no conjunto de favelas cariocas.
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Na segunda fase, 4 mil agentes do Exército, Marinha e Aeronáutica, mais a Força Nacional de Segurança, atuarão na comunidade até a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), prevista para o segundo semestre deste ano.
Três batalhões da Brigada de Infantaria Paraquedista estão de prontidão para a ocupação da comunidade, que seguirá os mesmos moldes da operação no Complexo do Alemão, também na zona norte.
Nesta quarta-feira, 26, 15 soldados do 1.º Batalhão de Engenharia de Combate do Exército participaram de ação conjunta com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar em busca de armas e munições nas favelas Nova Holanda e Parque União. No mesmo dia, o ministro da Defesa, Celso Amorim, autorizou o uso de blindados e lanchas da Marinha para apoiar as polícias estaduais na Maré.
As ações não caracterizam o início da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que será usada na ocupação definitiva do conjunto de favelas. Para isso, ainda é necessária a publicação de um decreto da presidente Dilma Rousseff.
Até lá, as Forças Armadas só poderão atuar na Maré em missões de reconhecimento e ações de inteligência - e isso já está sendo feito. Com a GLO, as três Forças poderão cumprir missões de patrulhamento, vistorias e efetuar prisões, mas apenas em flagrante.
Patrulhamento. Com dez detectores de metal do tipo MD 8, os militares percorreram ontem 5 mil metros quadrados no complexo. A área foi previamente mapeada pelo Bope.
O Colégio-Ciep Municipal Samora Machel, na Nova Holanda, foi vasculhado. O local seria usado por traficantes para esconder drogas de diversos tipos. Nada foi encontrado.
"É apenas trabalho de apoio à Secretaria de Segurança. Teremos um primeiro contato com a área, o que nos ajudará a fazer o levantamento topográfico do terreno", disse o capitão Rafael Medeiros do 1.º Batalhão de Engenharia.
Em outra frente, no Parque União, o Batalhão de Ações com Cães (BAC) apreendeu uma pistola calibre 9mm e dois carregadores. Ninguém foi preso.
Na terça-feira, 24, um grupo de militares do Exército esteve na Maré. Foi tempo suficiente para que fosse encontrada e apreendida uma máquina de contagem de dinheiro.
O Comando Militar do Leste (CML) informou, por meio de nota, que "o planejamento da Operação São Francisco demandará a circulação de militares nas proximidades do complexo" e alertou que "a movimentação de viaturas faz parte da rotina militar".
Em relação à Marinha, o ministro Amorim determinou ao comandante da Força, o almirante Julio Soares de Moura Neto, que "acione veículos blindados de transporte de pessoal e lanchas para apoio logístico à Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro". Além disso, o almirante designará um oficial para promover a ligação com a Secretaria de Segurança e manter informado o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi - a rigor, o líder do dispositivo na Maré.
O ministro também determina que os comandantes do Exército, general Enzo Martins Peri, e da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, "fiquem em condições de alocar recursos logísticos à Marinha do Brasil, se eventualmente necessários ao desenvolvimento das ações".
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