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Wednesday, October 15, 2014

Papel de mestre

No Dia do Professor, orientadores que participaram do Prêmio Jovem Cientista falam sobre a importância do educador para despertar o prazer do conhecimento

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Professor Cornélio Schwambach e o estudante Breno de Mello Dal Bianco, orientado por Cornélio, e vencedor do terceiro lugar na categoria ensino médio (Foto: Divulgação)
O papel do professor, aquele apaixonado e engajado na profissão, extrapola os limites da escola. Sua importância vai além de ensinar e esclarecer dúvidas: ele se torna responsável por orientar o jovem pelo caminho do conhecimento. Esse é o caso de Roney Satianov, professor de história no município de Monte Mor, em São Paulo. “A possibilidade de um Brasil melhor é minha principal motivação. Quero que meus alunos sejam protagonistas do conhecimento, que construam saberes. Eu planto a semente e eles continuam”, diz o professor, que já orientou mais de 300 projetos científicos do Prêmio Jovem Cientista. “O mais importante é que amo o que faço. Até nas minhas férias continuo orientando pesquisas”, diz.
Roney acredita que o trabalho contínuo com os alunos possibilita que eles sejam transformadores da sua realidade. O primeiro passo, diz ele, é despertar o olhar para os problemas do cotidiano, seja no bairro onde vivem ou no caminho para a escola. “Depois da etapa de percepção, traçamos os objetivos. Entro no circuito para ajudar a pontuar o trajeto que será percorrido na pesquisa e tirar dúvidas”, afirma. “Muitas vezes, a linguagem científica, de difícil entendimento, afasta o aluno da pesquisa. Tento torná-la mais compreensível, pois o grande desafio é manter a chama da ciência acesa”.

O educador Luiz Alberto Chadad, de São Bernardo do Campo (SP), também é um exemplo de profissional que trabalha pelo desenvolvimento integral do aluno. Professor de geografia, Chadad utiliza uma ou mais linhas de pesquisa do prêmio para trabalhar com os estudantes. Seu maior desafio é relacionar a disciplina com os temas do projeto. Mas ele sempre descobre uma saída. “Na edição sobre  inovações tecnológicas nos esportes (2012), que aparentemente nada tem a ver com geografia, incentivei os alunos a pesquisar as estruturas esportivas em São Bernardo do Campo e a relatar a situação delas, bem como os usos que são feitos pela população local."

Como professor orientador, Chadad acredita que seu principal papel é convencer os alunos de que são capazes de produzir bons trabalhos e de vencer. “Ao propor projetos viáveis e executáveis, o professor estimula o aluno, fazendo-o perceber que é possível”, diz.
 
Autonomia e motivação

No Paraná, o professor de biologia Cornélio Schwambach está orientando 45 alunos para a atual edição do Prêmio Jovem Cientista, cujas inscrições vão até dia 19 de dezembro. Durante cinco horas semanais e extracurriculares, ele se reúne com os jovens interessados em propor soluções para o tema “Segurança Alimentar e Nutricional”. “Na iniciação científica, saímos do convencional, daquele conteúdo focado apenas no vestibular, e damos autonomia ao jovem. Ver o crescimento e a mudança deles é muito gratificante”, afirma.
 
Breno e o destilador solar para dessalinização da água, produzido a partir de materiais recicláveis (Foto: Divulgação)
Na última edição do prêmio, que teve como tema “Água: desafios da sociedade”, o estudante Breno de Mello Dal Bianco, orientado por Cornélio, foi vencedor do terceiro lugar na categoria ensino médio. Juntos, eles desenvolveram um destilador solar para dessalinização da água apenas com materiais recicláveis. Com o mesmo projeto, a dupla ficou em segundo lugar na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE).  “Os prêmios foram um sinal de que estamos no caminho certo. O Breno está motivado a seguir uma carreira científica e já virou uma referência para os outros alunos."

Na opinião de Cornélio, uma das principais atribuições do professor é motivar o aluno. “Precisamos mostrar que é possível colocar ideias em prática, provar que elas podem fazer a diferença. Envolver os interesses do aluno e garantir que ele tenha independência durante o processo de elaboração da pesquisa também é essencial."
O Prêmio Jovem Cientista é uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com a Fundação Roberto Marinho, e conta com o patrocínio da Gerdau e da BG Brasil. Criado em 1981, a iniciativa é um dos mais importantes reconhecimentos aos cientistas brasileiros, tem o objetivo de incentivar a pesquisa no país e reconhecer jovens talentos nas ciências. O tema da edição deste ano é “Segurança Alimentar e Nutricional”. Mais informações aqui.
ENTREVISTA
Roseli Lopes, professora do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP (Foto: Divulgação)
Desafio é estimular a curiosidade do aluno, diz professora da USP

“O professor deve ser criativo e provocador”. Essa é a visão de Roseli Lopes, professora do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP, responsável pela concepção e viabilização da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE) e consultora na elaboração do Guia do Estudante da última edição do Prêmio Jovem Cientista.
Quais os valores que não podem faltar a um educador?
O professor deve ser criativo e provocador. O objetivo da educação é fazer com que o jovem ganhe autonomia no pensar e no agir. Devemos permitir que ele faça descobertas por si mesmo. O professor não deve tomar decisões pelo estudante, deve ajudá-lo a aprender. Sua função não é dar respostas prontas, mas motivar o aluno a buscar suas respostas para que ele ande com as próprias pernas.

Qual o papel do professor na iniciação científica?
No âmbito da pesquisa científica, a presença do professor é fundamental, uma vez que é o responsável por orientar o trabalho no que diz respeito à ética e ao método. O professor deve estimular a observação, acompanhar o planejamento da pesquisa e incentivar o aluno a ser perseverante, para que não desista no primeiro obstáculo. Muitas vezes, por exemplo, a escola não tem uma estrutura de laboratório. É também papel do orientador identificar carências ou buscar apoios fora da instituição que possam viabilizar um projeto.

Que desafios existem hoje na profissão?
São grandes os desafios dos professores atualmente. Talvez acompanhar a mudança dos tempos seja o maior deles. Antes, o professor era quem detinha a informação e o aluno precisava procurá-lo para saber mais. Hoje, a informação está acessível a todos. Por isso, um dos grandes desafios do professor é estimular a curiosidade e incentivar o aluno a desenvolver raciocínios que ele não faria sozinho. É importante que o educador traga, constantemente, desafios para que o jovem se sinta instigado a buscar novos conhecimentos, desenvolvendo autonomia nesse processo.

Qual a dica para os professores que vão orientar pesquisas para o Jovem Cientista?
Uma boa dica é buscar dentro do tema não só o que já foi feito e pode ser melhorado, mas, principalmente, o que ainda não foi testado, novas soluções. Os jovens são muito criativos, têm ideias realmente inovadoras. Apresentar todas as opções de execução do projeto aos alunos é o melhor caminho para a orientação de um trabalho.

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