Hollande já traia há tempos a primeira dama com Julie Gayet
O atual presidente da França é mesmo incontrolável em suas paixões. Logo que chegou ao Palácio do Eliseu ele trocou a então esposa Ségolène Royal por Valérie Trierweiler, que agora foi substituída por Gayet
Para se diferenciar do seu antecessor, Nicolas Sarkozy, exibicionista do ponto de vista material e amoroso (abandonado pela mulher no início do mandato, arrumou Carla Bruni para ocupar o lugar de primeira-dama, aquela que teve mais namorados do que Madame de Pompadour e só os ingênuos acreditam nunca ter feito uma plástica), François Hollande, do Partido Socialista, declarou que seria um “presidente normal”. Ou seja, um cidadão como outro qualquer, que apenas ocupava o mais alto cargo da República Francesa pelo voto de outros milhões de pessoas “normais”. No entanto, antes mesmo de adentrar o Palácio do Eliseu, ele já se mostrava bem pouco comum na sua vida sentimental. Para começar, recusou-se a casar com a mãe dos seus quatro filhos, Ségolène Royal, companheira desde os tempos nas fileiras da juventude esquerdista. Em 2007, candidata à Presidência, Ségolène pediu a mão de Hollande em público. Obteve o silêncio como resposta e se viu obrigada a dizer, num programa de televisão, que “nós não precisamos disso para nos amarmos”. Pouco mais tarde, postulante ao Eliseu, Hollande assumiu a sua relação com Valérie Trierweiler, jornalista da revista Paris Match, um fato em si pouco original, dado o número de políticos franceses que se casam com repórteres, colunistas e apresentadoras de televisão. E eis que agora, passados menos de dois anos, Valérie foi humilhada ao ser informada com todas as letras e fotos, na semana retrasada, pela revista Closer, de que o “presidente normal” mantém um caso chamuscante com a atriz Julie Gayet, de 41 anos — para culminar, bem mais jovem do que ela. Imagens de Hollande na garupa da lambreta de um segurança, a caminho de uma garçonnière perto do palácio presidencial, para desfrutar noites de amor com Julie e cafés da manhã com croissants quentinhos, providenciados igualmente por seguranças, deixaram Valérie em estado de choque.
Ao ler a reportagem, Valérie irrompeu no gabinete de Hollande, exigindo explicações. “Sim, é verdade”, respondeu o presidente, em tom normal. Entre furiosa e deprimida, ela foi internada no Pitié-Salpêtrière — o hospital, aliás, onde Jean-Martin Charcot, professor de Sigmund Freud, conduziu os seus estudos sobre histeria. Chegou a circular em Paris a notícia de que Valérie teria tentado o suicídio, tomando uma dose de tranquilizantes, mas ao que parece não quis se matar, só exagerou um pouco. Ela continua internada, sem data para sair, e foi divulgado que estaria disposta a perdoar Hollande. É difícil mesmo perder essa boquinha de primeira-dama. Em especial às vésperas de uma visita oficial do presidente francês aos Estados Unidos, em 11 de fevereiro, quando a vaidosíssima Valérie ganharia os holofotes internacionais ao manter encontros paralelos com Michelle Obama. Não se pode dizer que a “Rottweiler” foi pega de surpresa. Ela e Hollande já não dormiam juntos fazia meses e os amigos de Julie não perdiam a oportunidade de fazer alusões nem tão veladas assim, via televisão, à extrema atenção que o presidente dedicava à carreira da atriz.
Quem apresentou Julie a Hollande foi o filho mais velho da primeira ex de Hollande. Não poderia haver vingança maior para a família abandonada
Na terça-feira passada, Hollande deu uma entrevista coletiva, marcada previamente à eclosão do escândalo, a 500 jornalistas credenciados no Palácio do Eliseu. À pergunta se Valérie continuava a ser primeira-dama, ele respondeu que “todos, na vida pessoal, podem passar por provas. É o nosso caso. Esses são momentos dolorosos”. Hollande, que não negou o relacionamento, afirmou que não falaria mais sobre questões pessoais e disse que faria esclarecimentos em breve. Os franceses, ao contrário dos americanos, não acham importante se os políticos levam uma vida pessoal de acordo ou não com os padrões morais tradicionais. Fruto, talvez, da tradição libertina do século XVIII. Quando veio à tona que o presidente François Mitterrand era bígamo, com todo o respeito e discrição, isso teve mais repercussão no exterior do que dentro do país. Desta vez, contudo, as reações têm sido mais eloquentes. A administração Hollande é um desastre, ele é o governante mais impopular desde Luís XVI (“É a economia, seu sátiro!”), o imbróglio foi parar numa revista popular para lá de estridente e caiu a ficha de que Valérie, afinal de contas, nunca foi primeira-dama de fato. Era (ou ainda é, dependendo de como terminará essa história) apenas uma amante cara demais para os cofres públicos, com um séquito de vinte funcionários. Cara e antipática.
Extremamente ciumenta, ela fez a picuinha de apoiar pelo Twitter um adversário do candidato de Ségolène nas eleições legislativas de 2012. “Ela faria melhor se se preocupasse com a próxima, e não comigo”, confidenciou Ségolène na ocasião, sabedora das paixões incontroláveis do sujeitinho de quem foi companheira. Valérie fez questão, ainda, de que Hollande declarasse em público que ela era a mulher da sua vida. Ordem obedecida, o presidente afirmou depois que teria sido mais prudente dizer que Valérie era “a mulher da sua vida nos dias de hoje”. Quer dizer, ontem. Os franceses odeiam a recém-traída a ponto de terem criado uma corrente de ódio na internet depois da reportagem, algo pouco usual por aqui. Há alguns meses, Hollande teve de passar pelo vexame de ver uma eleitora sua pedindo-lhe, na televisão, que não se casasse com Valérie, porque ninguém gostava dela.
Julie Gayet, dois filhos, divorciada do escritor e roteirista argentino Santiago Amigorena, não é exatamente uma santa. Amigorena lançou há pouco um romance à clef, intitulado Os Dias que Não Esquecerei, em que narra seus problemas conjugais com Julie e do qual Hollande é personagem oculto. Como é chato processar ex-marido, ela resolveu acionar a revista Closer, que retirou a reportagem original do seu site, por causa de uma liminar concedida ao advogado da atriz. Acusa a publicação de “invasão de privacidade” e exige 50 000 euros de indenização, mais as custas do processo. Uma das últimas revelações é que Julie foi apresentada a Hollande por Thomas, de 29 anos, o filho mais velho do presidente com Ségolène. Não poderia haver vingança maior para os rebentos da primeira união, que não suportam Valérie e ficaram meses sem falar com o pai depois que ele deixou a mãe.
A outra notícia inédita, publicada na Closer que saiu na última sexta, é que Hollande e Julie são amantes já faz quase dois anos, passaram um fim de semana romântico no sul da França e que usaram mais de uma garçonnière para os seus encontros furtivos perto do Palácio do Eliseu. Julie também havia sido designada pelo presidente para ser jurada do concurso que escolhe artistas para estágios na Villa Medici, em Roma, uma posição cultural de muito prestígio que ela perdeu dois dias atrás. Ah, sim, começou a circular em Paris que Julie estaria grávida de quatro meses. Falso, verdadeiro? “Com um presidente desses, a França fez com que esquecessem Berlusconi!”, comentou, aliviada, uma correspondente italiana na capital francesa. É o “bungá-bungá” de François.
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