Porto Rico quer saber quem apagou as luzes da baía
Vieques, Porto Rico ‒ Em um pequeno barco em Mosquito Bay, com um céu coberto de estrelas sobre si, o pesquisador de campo Mark Martin colocou um pouco da água em um vasilhame. E estudou o líquido em busca de sinais do motivo pelo qual uma das bioluminescências mais famosas do mundo se apagou de repente, sem explicação aparente.
Vieques, Porto Rico ‒ Em um pequeno barco em Mosquito Bay, com um céu coberto de estrelas sobre si, o pesquisador de campo Mark Martin colocou um pouco da água em um vasilhame. E estudou o líquido em busca de sinais do motivo pelo qual uma das bioluminescências mais famosas do mundo se apagou de repente, sem explicação aparente.
"Hoje está bom", disse ele, referindo-se à claridade, nível de pH, temperatura e salinidade da água, fatores com que o cientistas contam para poder descobrir o que aflige a área.
Desde sempre a baía que fica ao sul dessa ilhota, a 16 km da ilha principal de Porto Rico, surpreende os visitantes que chegam para conferir a água que brilha à noite ‒, mas em janeiro, o plâncton microscópico luminoso conhecido como dinoflagelados resolveu cancelar o espetáculo. Há algumas semanas parte do brilho voltou, fraco e esporádico, fazendo com que cresçam as esperanças de regeneração da atração tão popular.
O blecaute repentino assustou as autoridades, os cientistas e os ilhéus, que dependem do turismo para movimentar sua economia frágil; uma operadora já fechou as portas. A baía já ficou às escuras antes, mas nunca por mais de alguns dias. Por enquanto as visitas estão limitadas aos fins de semana, pelo menos até a baía se recuperar.
Mais preocupante é o fato de que o fenômeno parece mais um romance policial ‒ um verdadeiro mistério que acirrou os ânimos entre moradores e empresários, quase todos vindos dos EUA, para organizar passeios pela região. Uma vez que as baías bioluminescentes raramente são estudadas por longos períodos, ninguém sabe dizer o que fez os dinoflagelados deixarem o local ou diminuírem seu brilho azul-esverdeado mágico.
E ninguém sabe quando e se tudo vai voltar ao que era antes. Algumas áreas semelhantes, no Caribe e além ‒ incluindo Laguna Grande em Fajardo, em Porto Rico ‒ se apagaram durante um tempo para depois voltarem com força total (às vezes tempestades fortes são responsáveis pelo apagão); outras recuperam o brilho, mas de forma inconstante; poucas se apagaram totalmente.
"Hoje está bom", disse ele, referindo-se à claridade, nível de pH, temperatura e salinidade da água, fatores com que o cientistas contam para poder descobrir o que aflige a área.
Desde sempre a baía que fica ao sul dessa ilhota, a 16 km da ilha principal de Porto Rico, surpreende os visitantes que chegam para conferir a água que brilha à noite ‒, mas em janeiro, o plâncton microscópico luminoso conhecido como dinoflagelados resolveu cancelar o espetáculo. Há algumas semanas parte do brilho voltou, fraco e esporádico, fazendo com que cresçam as esperanças de regeneração da atração tão popular.
O blecaute repentino assustou as autoridades, os cientistas e os ilhéus, que dependem do turismo para movimentar sua economia frágil; uma operadora já fechou as portas. A baía já ficou às escuras antes, mas nunca por mais de alguns dias. Por enquanto as visitas estão limitadas aos fins de semana, pelo menos até a baía se recuperar.
Mais preocupante é o fato de que o fenômeno parece mais um romance policial ‒ um verdadeiro mistério que acirrou os ânimos entre moradores e empresários, quase todos vindos dos EUA, para organizar passeios pela região. Uma vez que as baías bioluminescentes raramente são estudadas por longos períodos, ninguém sabe dizer o que fez os dinoflagelados deixarem o local ou diminuírem seu brilho azul-esverdeado mágico.
E ninguém sabe quando e se tudo vai voltar ao que era antes. Algumas áreas semelhantes, no Caribe e além ‒ incluindo Laguna Grande em Fajardo, em Porto Rico ‒ se apagaram durante um tempo para depois voltarem com força total (às vezes tempestades fortes são responsáveis pelo apagão); outras recuperam o brilho, mas de forma inconstante; poucas se apagaram totalmente.
Dennis Rivera/The New York Times
Dennis Rivera/The New York Times
Para cientistas e governantes salvar Mosquito Bay é essencial. Há apenas algumas baías luminescentes no Caribe e outras poucas no Pacífico. Os números variam, já que algumas se apagam e são substituídas por outras, enquanto em muitas o fenômeno é apenas sazonal. Para que os dinoflagelados se desenvolvam, as condições têm que ser adequadas ‒ e no caso de Mosquito Bay, elas são excelentes, com águas quentes e rasas, ventos estáveis e mangues vermelhos ao redor, fornecedores de alimento."Eles constituem um ecossistema muito raro e especial, mas sem um manejo proativo, não permanecem no local", explica Michael Latz, biólogo marinho do Instituto Oceanográfico Scripps da Universidade da Califórnia em San Diego, que estuda as baías luminescentes desde 2010. "A questão é: até que ponto os dinoflagelados são resistentes? A bioluminescência se regenera? Só podemos fazer figa e torcer para que a resposta seja afirmativa".
Por enquanto, as causas naturais, incluindo mudança dos ventos, ainda estão entre os principais motivos, mas outros vilões estão sendo analisados, entre eles o sedimento da longa estrada de terra que leva os veículos à baía e os efeitos do excesso de gente andando de caiaque por ali.
O governo de Porto Rico luta para preservar o brilho por razões ambientais e econômicas. Mosquito Bay é a atração turística mais popular e lucrativa de Vieques, uma ilha pobre com nove mil habitantes, comércio quase inexistente e uma abundância de praias cristalinas.
Preocupado com a perspectiva de um blecaute permanente, o Departamento de Recursos Naturais formou uma força tarefa para estudar e monitorar a baía ‒ e, pela primeira vez, restringiu a frequência.
Até pelo menos o fim de junho, prazo que pode ser estendido, somente as operadoras cadastradas podem levar praticantes de caiaque para a baía, e mesmo assim só de sexta a domingo. Com isso, a região vai poder respirar e permitir que os cientistas a estudem sem serem incomodados, como explicam as autoridades.
Dennis Rivera/The New York Times
Dennis Rivera/The New York Times
Outras medidas rígidas estão sendo instauradas: os guardas passaram a controlar o número de pessoas que visitam a pequena baía e reforçaram a segurança à noite para garantir que as regras, criadas há muitos anos, sejam obedecidas ‒ e que incluem a proibição de mergulhos e banhos de mar. O governo, por sua vez, está melhorando a estrada de terra."Sabemos que a baía está exibindo um comportamento errático e, para saber o motivo, precisamos estudar e investigar", afirma Carmen Guerrero Pérez, secretária do Departamento de Recursos Naturais.
Embora não se tenha chegado a nenhuma conclusão, o biólogo Latz diz que uma das razões para a perda da bioluminescência pode ter sido a mudança na direção do vento no inverno passado. Soprando agora para o norte, ele empurraria os dinoflagelados (que não nadam contra a correnteza) para fora da baía e de volta para o Mar do Caribe. Essas ventanias de janeiro e março também deixam a água extremamente turva, o que interfere com o fenômeno.
Já Carmen Guerrero duvida que o número de visitantes, limitado a algumas centenas, seja a causa. "Se estivesse intimamente ligado ao excesso de pessoas, nós já teríamos sabido". Nessa ilha, que durante 50 anos abrigou uma área de bombardeio da Marinha altamente polêmica, a busca pelo motivo do apagão na baía acabou se tornando uma batalha entre os empresários e moradores locais, tradicionalmente cautelosos em relação ao envolvimento de estranhos.
Carlos Prieto, pescador a vida toda que estudou Biologia, culpa o aumento no número de licenças fornecidas pelo governo a operadoras de turismo e a falta de visão. O pessoal local, diz ele, também está chateado porque só pode visitar a baía se for através de uma dessas empresas.
Dennis Rivera/The New York Times
"Acaba contribuindo para o aumento do turvamento e acelera as mudanças, mas eles continuam permitindo a presença dos turistas. Essas decisões são tomadas muito longe daqui", lamenta.
Os empresários, por sua vez, dizem que também cuidam da baía e se sentem frustrados com a falta de respostas e as acusações. O comércio vem sofrendo muito com o blecaute e as restrições, afirma Bryan Jahnke, dono do Black Beard Sports, que pode levar vinte caiaques/dia para a baía.
"Virou uma briga tipo 'nós contra eles'. Com ação ou omissão, estamos no fogo cruzado, mas o essencial seria descobrir a razão do problema para que possa ser evitado no futuro".
Os empresários, por sua vez, dizem que também cuidam da baía e se sentem frustrados com a falta de respostas e as acusações. O comércio vem sofrendo muito com o blecaute e as restrições, afirma Bryan Jahnke, dono do Black Beard Sports, que pode levar vinte caiaques/dia para a baía.
"Virou uma briga tipo 'nós contra eles'. Com ação ou omissão, estamos no fogo cruzado, mas o essencial seria descobrir a razão do problema para que possa ser evitado no futuro".
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