Polícia acredita que membro da Fifa ligado a cambismo está no Rio
Jogadores e ex-jogadores devem prestar depoimento na segunda fase do processo
Saiba mais sobre o caso:
O pai de Neymar é outro que aparece em escutas telefônicas. Em uma das ligações, Lamine diz para um homem que está ao lado do pai e empresário do jogador. O irmão de Ronaldinho Gaúcho, Assis, também pode ter repassado ingressos para que Lamine revendesse a preços superfaturados. Novos depoimentos e possíveis prisões, de pelo menos sete pessoas, podem ser feitas a partir da semana que vem.
“Nós detectamos diversas fontes de ingressos que chegam nas mãos de cambistas, facilitadas pela forma de distribuição de ingressos. Grande parte desses ingressos são destinados a patrocinadores, Ongs e jogadores de futebol”, disse Barucke. Durante as investigações, a Polícia Civil chegou a um DJ, da Vila Kennedy, que seria o responsável por repassar para os cambistas os ingressos destinados às Ongs. De acordo com o delegado, quando identificado, o DJ será autuado.
Durante a coletiva, o delegado ressaltou que as escutas telefônicas indicaram que o grupo atua há, pelo menos, quatro Copas do Mundo. Ele contou que em uma das ligações, um dos presos diz trabalha há mais de 30 anos como cambista em Mundiais. Com o restante das escutas, a Polícia Civil espera chegar a mais envolvidos no escândalo. “Como foi uma investigação diferenciada, para um evento que tem prazo para terminar, nós não tivemos tempo de ouvir todos esses registros. Falta ouvir a metade. Então ainda temos muito material para analisar ainda. A equipe está trabalhando dia, noite e final de semana”, ressaltou. Durante o cumprimento dos mandados, conta o delegado, foi apreendido um documento “de um preso que, na Copa de 98, se declarou como jornalista para ter entrada no evento”. A exceção de Massih, os outros dez presos se negaram a falar na delegacia e vão responder em juízo.
Perguntado sobre o grande número de brasileiros participantes da quadrilha, o delegado explicou: “Nossa investigação iniciou-se contra brasileiros e por fim chegou ao Fofana. Certamente a rede de envolvidos é mais extensa. Nós temos a certeza que tem um chinês que está em São Paulo. Sabemos que onde tinha a Copa, eles iam. Aqui no Brasil eles viajavam para todos os jogos da seleção e vendiam ingressos para todo o país em malotes, via aéreo. Nas escutas interceptadas, eles falavam que só no Brasil está acontecendo esse cerco ao cambismo, que nas outras Copas do Mundo foi muito mais fácil. Sabemos que existem outras seleções que repassavam ingressos privilegiados, mas não sabemos quais”. Barucke reforçou ainda que é preciso alcançar todo o grupo, desde a base até o maior escalão, ou seja, quem estiver acima de Lamine.
O delegado da Polícia Civil, Tarcisio Jansen, também participou da coletiva. Ele garantiu: “Quem tiver uma conduta dolosa na venda honerosa de ingressos com participação eventual nesse tipo de organização será trazido aos autos do inquérito”. Jansen pontuou que “desde o início da operação Copa do Mundo, essa foi uma grande preocupação da Polícia Civil. Todos os órgãos estão trabalhando de forma reservada e ostensiva na repressão desse crime. Desde então, nos assusta um pouco a quantidade de autuações relacionadas a esse crime”.
Jansen disse ainda que, “no último jogo que teve no Maracanã, foram 21 autuações de cambismo. Os agentes podem perceber que é um crime muito recorrente, tanto no entorno do Maracanã, quanto no grande número de ocorrências que estamos testemunhando. A Polícia Civil desde o início, em seu planejamento estratégico, previu uma ação contundente em determinados crimes que impactariam o evento. E o crime de cambismo é um deles”.
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